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Por Felipe Gutierrez, g1
03/12/2023 00h01 Atualizado 03/12/2023
Entenda melhor o conflito entre Venezuela e Guiana
Os eleitores venezuelanos 🧾 votam neste domingo (3) em um referendo no qual vão dizer se querem que a região de Essequibo, que hoje 🧾 pertence à Guiana, seja incorporada à Venezuela.
O Ministério da Defesa do Brasil ampliou a presença militar na região do território 🧾 brasileiro perto da fronteira e diz que está acompanhando as discussões.
O presidente da Guiana, Irfaan Ali, planeja estabelecer bases militares 🧾 com apoio estrangeiro. Recentemente, ele foi ao território de Essequibo com militares e esperava receber equipes do Departamento de Defesa 🧾 na capital do país, Georgetown.
O ministro da Defesa venezuelano, general Vladimir Padrino, fez críticas ao presidente da Guiana: "Com esses 🧾 estilos e formas de 'valentão de bairro', não vamos resolver essa questão. Essa disputa não é assim, não é convocando 🧾 o Comando Sul (exército dos EUA) para estabelecer uma base de operações nesse território, com essa arrogância (que se resolve)", 🧾 afirmou Padrino
Problemas geopolíticos
Para Ronaldo Carmona, professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra e pesquisador sênior do Centro Brasileiro de 🧾 Relações Internacionais (Cebri), a questão deveria ser resvolvida pelos sul-americanas, e o conflito pode acabar justificando uma interferência externa. "A 🧾 Guiana diz que se sente ameaçada e cogita instalar bases militares estrangeiras, uma representação do exército americano foi para Georgetown 🧾 recentemente. O risco dos americanos militarizarem a Guiana é bastante grande", diz ele.
A origem do problema
O território de Essequibo, uma 🧾 área maior que a da Grécia, é disputado pela Venezuela e Guiana há mais de um século. Desde o fim 🧾 do século 19, está sob controle da Guiana. A região representa 70% do atual território da Guiana e lá moram 🧾 125 mil pessoas.
Na Venezuela, a área é chamado de Guiana Essequiba. É um local de mata densa e, em 2023, 🧾 foi descoberto petróleo na região. Estima-se que na Guiana existam reservas de 11 bilhões de barris, sendo que a parte 🧾 mais significativa é "offshore", ou seja, no mar, perto de Essequibo. Por causa do petróleo, a Guiana é o país 🧾 sul-americano que mais cresce nos últimos anos.
Tanto a Guiana quanto a Venezuela afirmam ter direito sobre o território com base 🧾 em documentos internacionais.:
A Guiana afirma que é a proprietária do território porque existe um laudo de 1899, feito em Paris, 🧾 no qual foram estabelecidas as fronteiras atuais. Na época, a Guiana era um território do Reino Unido.Já a Venezuela afirma 🧾 que o território é dela porque assim consta em um acordo firmado em 1966 com o próprio Reino Unido, antes 🧾 da independência de Guiana, no qual o laudo arbitral foi anulado e se estabeleceram bases para uma solução negociada.
O regime 🧾 de Nicolás Maduro organizou um referendo a respeito da relação entre a Venezuela e o território de Essequibo. Agendado para 🧾 este domingo (3), a consulta terá cinco perguntas.
Você rejeita a fronteira atual?Você apoia o Acordo de Genebra de 1966?Você concorda 🧾 com a posição da Venezuela de não reconhecer a jurisdição da Corte Internacional de Justiça (veja mais sobre essa questão 🧾 abaixo)?Você discorda da Guiana usar uma região marítima sobre a qual não há limites estabelecidos?Você concorda com a criação do 🧾 estado Guiana Essequiba e com a criação de um plano de atenção à população desse território que inclua a concessão 🧾 de cidadania venezuelana, incorporando esse estado ao mapa do território venezuelano?
Questão mal resolvida
"Esse plebiscito já está aprovado, pois os venezuelano 🧾 não vão votar contra. A questão é se a consequência disso será uma ação para a anexão de Essequibo ou 🧾 não, afirma Carmona, o professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra.
O petróleo na região agravou a disputa, porque a 🧾 Venezuela argumenta que a Guiana está comercializando blocos que não são dela.
Por fim, há a situação política da Venezuela. Depois 🧾 de anos em crise, o país espera uma melhora econômica com a retirada das sanções. Uma das medidas que os 🧾 Estados Unidos impuseram para retirar as sanções é a realização de eleições presidenciais limpas em 2024. Vive-se um clima de 🧾 pré-campanha na Venezuela, e esse assunto é uma questão nacional do país há séculos, une todo mundo, mesmo a oposição 🧾 não ousa falar contra a questão de Essequibo.
"Nicolás Maduro, o presidente da Venezuela, não colocaria em risco a recuperação da 🧾 economia que poderá ser alcançada com o fim das sanções à indústria petrolífera em função de que uma campanha militar 🧾 que levaria a um confronto não só com Guiana, mas muito provavelmente com outras potências extraregionais, que poderiam levar ao 🧾 retorno das sanções, anulando a possibilidade da recuperação econômica", diz Carmona.
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Essequibo: 5 pontos para entender o polêmico referendo na 🧾 Venezuela sobre anexar parte da GuianaCorte Internacional de Justiça decide que Venezuela não pode anexar 70% território da Guiana
Mapa mostra 🧾 a Guiana e a região de Essequibo —
: Vitoria Coelho/g1
Guiana pediu ajuda para a Corte Internacional de Justiça
A Corte 🧾 Internacional de Justiça decidiu na sexta-feira que a Venezuela não pode tentar anexar Essequibo e que isso vale para o 🧾 referendo.
A Guiana havia pedido para que a corte tomasse uma medida de emergência para interromper a votação na Venezuela.
Em abril, 🧾 a Corte Internacional de Justiça afirmou que tem legitimidade para tomar as decisões sobre a disputa. Esse órgão é a 🧾 corte mais alta da Organização das Nações Unidas (ONU) para resolver disputadas entre Estados, mas não tem como fazer suas 🧾 determinações serem cumpridas.
A decisão final sobre quem é o dono de Essequiba ainda pode demorar anos.
O governo venezuelano disse que 🧾 a decisão é uma interferência em uma questão interna e fere a Constituição. A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodriguez, disse 🧾 que "nada vai impedir que o referendo agendado para o dia 3 de dezembro aconteça". Ela também falou que, apesar 🧾 de ter comparecido na corte, isso não significa que a Venezuela reconhece a jurisdição da Corte Internacional de Justiça sobre 🧾 a disputa.
Governo brasileiro
O governo brasileiro acompanha com preocupação a situação, segundo a secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, 🧾 a embaixadora Gisela Padovan. "Temos acompanhado com atenção e conversado com altíssimo nível -- vocês se recordam que o embaixador 🧾 Celso Amorim foi a Caracas se reunir com o governo -- e nós também estamos tendo conversas com a Guiana".
Amorim 🧾 foi a Caracas há uma semana, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), depois de uma avaliação 🧾 brasileira de que a campanha venezuelana sobre a anexação do Essequibo teria subido demais o tom, contou a Reuters uma 🧾 fonte que acompanha as conversas.
O governo brasileiro não pediu que o referendo venezuelano fosse cancelado, mas solicitou ao presidente da 🧾 Venezuela, Nicolás Maduro, que diminuísse o tom da campanha e buscasse uma solução pacífica. Lula também recebeu um telefone do 🧾 presidente da Guiana, Irfaan Ali, com quem também terá uma reunião bilateral na-feira sexta, às margens da COP28, em Dubai.
Há 🧾 uma visão no governo brasileiro de que a Venezuela não chegará "às vias de fato", apesar de mais de uma 🧾 vez Maduro já ter ameaçado invadir o território da Guiana.
Na semana passada, durante reunião da Organização do Tratado de Cooperação 🧾 Amazônica (OTCA), em Brasília, os representantes dos dois países trocaram provocações e foi preciso a interferência de outros países para 🧾 impedir uma escalada na discussão.
"Semana passada os dois países sentaram... e devo dizer ali teve uma energia, uma linguagem um 🧾 pouco mais elevada por parte da Venezuela, mas eles têm sentado sem qualquer problema na OTCA cooperando na questão da 🧾 Amazônia sem qualquer problema", disse a embaixadora.
A expectativa do governo brasileiro é que o "sim", pela anexação, vença o referendo, 🧾 já que esse é um dos poucos assuntos que une governo e oposição na Venezuela, mas não se sabe o 🧾 que Maduro pretende fazer com esse resultado. Eleições gerais estão marcadas para acontecer em 2024 na Venezuela, e uma ação 🧾 em relação a Guiana pode virar arma eleitoral, avaliou uma fonte.
Homem caminha diante de muro com mensagem reivindicado a região 🧾 guianesa de Essequibo como venezuelana, em Caracas, em 29 de novembro de 2023. —
: Matias Delacroix/ AP
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