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Por André Biernath

26/05/2024 04h01 Atualizado 26/05/2024

A noção de que temos apenas cinco sentidos é um mito, 0️⃣ diz pesquisadora. —
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: GETTY IMAGES via fax bet

É curioso pensar como algumas ideias antigas, criadas há séculos e milênios, são 0️⃣ capazes de "grudar" na nossa cabeça a ponto de nem discutirmos mais a veracidade delas.

Um exemplo disso é a noção 0️⃣ de que somos dotados de apenas cinco sentidos, um conceito que foi desenvolvido por Aristóteles há mais de 2,3 mil 0️⃣ anos — e que é ensinado até hoje desde a primeira infância.

Mas o avanço da Ciência permite entender melhor a 0️⃣ complexidade e a diversidade das ferramentas que temos para entender o mundo que nos cerca. Hoje em fax bet dia, os 0️⃣ cientistas apontam que temos muito mais do que cinco sentidos.

Esse, aliás, é o tema do livro Sentient — What Animals 0️⃣ Reveal About Our Senses ("Senciente — O que os Animais Revelam Sobre Nossos Sentidos", em fax bet tradução livre), escrito pela 0️⃣ britânica Jackie Higgins.

Ela é formada em fax bet Zoologia pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, onde foi aluna do famoso 0️⃣ biólogo evolucionista e escritor Richard Dawkins. Depois, seguiu carreira como roteirista e diretora de documentários sobre natureza, que foram produzidos 0️⃣ e publicados por fax bet, National Geographic e Discovery Channel, entre outros.

Em Sentient, publicado em fax bet inglês em fax bet 2024, Higgins 0️⃣ defende a ideia de que temos 12 sentidos. São eles:

VisãoAudiçãoOlfatoPaladarTatoCorPrazer e dorDesejoEquilíbrioTempoDireçãoCorpo/propriocepção

Além dos cinco sentidos convencionais, os demais falam de 0️⃣ capacidades que todos usamos no dia a dia. Como o próprio nome indica, o sentido cor explica como vemos as 0️⃣ colorações de tudo.

Prazer e dor estão relacionados aos nervos localizados embaixo da pele que captam esses sinais diante de estímulos 0️⃣ externos.

O desejo é regido pelos feromônios, substâncias químicas que os animais (incluindo nós mesmos) liberam para atrair possíveis parceiros.

Já o 0️⃣ equilíbrio é a habilidade de permanecer de pé, num ângulo de 90 graus — e não com o corpo curvado 0️⃣ para um lado ou outro.

O sentido chamado tempo tem a ver com nosso relógio biológico ou o ritmo cíclico de 0️⃣ vigília e sono.

Por fim, a direção envolve a nossa "bússola interna" e como conseguimos nos localizar num ambiente. E o 0️⃣ corpo/propriocepção diz sobre como somos capazes de nos perceber em fax bet relação a tudo que nos cerca.

A especialista admite que 0️⃣ a lista dela está longe de representar um consenso entre especialistas da área — alguns estudiosos dizem que temos mais 0️⃣ de 30 sentidos diferentes.

No livro, Higgins também discute as diferentes formas de ver o mundo. "Nós temos espécies que enxergam 0️⃣ cores diferentes em fax bet relação ao que conseguimos captar. Isso é fascinante, porque podemos imaginar um mundo diferente do nosso", 0️⃣ diz ela, em fax bet entrevista à fax bet News Brasil.

"Quis passar essa noção de que vivemos num mundo cercado de diferentes 0️⃣ sinais e estímulos. Mas nós só conseguimos perceber aqueles que nossos órgãos sensoriais são capazes de captar e levar até 0️⃣ nosso cérebro."

Confira a seguir os principais trechos da entrevista da pesquisadora à fax bet News Brasil.

fax bet News Brasil - Por que 0️⃣ você decidiu escrever um livro sobre os sentidos?

Jackie Higgins - Existem tantas respostas para essa pergunta... No início do livro, 0️⃣ há ma frase de Leonardo Da Vinci que acho muito interessante. Ele fala sobre essa noção de que olhamos sem 0️⃣ ver, ouvimos sem escutar, tocamos sem sentir… E essas ideias realmente ressoam em fax bet mim.

Há tendência no pensamento contemporâneo de 0️⃣ estimular o mindfulness, a atenção plena, o estar presente — e, muitas vezes, uma maneira de fazer isso é canalizar 0️⃣ os sentidos, pensar realmente com cuidado sobre o que você vê e sente, o peso do corpo sentado no chão, 0️⃣ onde a pele toca o solo…

Há uma outra citação que gosto muito. Fui aluna de Richard Dawkins e amo os 0️⃣ livros dele. E ele sempre fala sobre essa "anestesia do cotidiano".

Acho que essas duas citações, de Da Vinci e Dawkins, 0️⃣ são paralelas. Elas me passam essa ideia de que olhamos o mundo sem vê-lo de fato. E eu gostaria de 0️⃣ questionar isso tudo.

Durante a minha carreira, sempre explorei os sentidos. Fui produtora de documentários, então estive realmente interessada na visão. 0️⃣ Quando fazia filmes sobre a vida selvagem, tinha a curiosidade de explorar esses mundos particulares de outros animais.

Certa vez, quando 0️⃣ trabalhava para a Oxford Scientific Films, tive que filmar a picada de uma abelha para um documentário da National Geographic. 0️⃣ Precisávamos daquela imagem em fax bet close-up. Para isso, mergulhei na apicultura e fiquei muito interessada em fax bet entender como as 0️⃣ abelhas sentem o mundo ao redor.

Foram vários os motivos para fazer o livro. Mas, voltando ao início, acho muito poderosa 0️⃣ essa noção de que olhamos sem ver e ouvimos sem escutar. E percebi que havia muito a explorar a partir 0️⃣ dessa frase.

Jackie Higgins formou-se em fax bet Zoologia e foi documentarista. —
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: Arquivo pessoal/divulgação

fax bet News Brasil - Você mencionou Richard 0️⃣ Dawkins. Como foi ser aluna de um nome tão famoso do mundo científico contemporâneo?

Higgins - Foi um grande privilégio. Inclusive, 0️⃣ tive a oportunidade de revê-lo recentemente. Fiz uma entrevista com o professor Dawkins numa famosa livraria de Oxford, que se 0️⃣ chama Blackwell's, pois ele estava lançando um novo livro sobre o voo de animais.

Antes dessa entrevista, pude bater um papo 0️⃣ com ele. E o professor comentou que escolhe três ou quatro estudantes por ano para ensinar sobre comportamento animal e 0️⃣ evolução. Eu o questionei há quanto tempo fazia isso, e ele disse que faz há cerca de 30 anos.

Isso me 0️⃣ fez perceber quão incrivelmente privilegiada eu fui de fazer parte desse grupo de pessoas. A maioria delas virou referência na 0️⃣ Zoologia.

Para mim, o professor Dawkins é muito especial porque ele é um dos poucos que faz pontes por diferentes mundos. 0️⃣ Ele consegue unir o mundo da Ciência com a Filosofia. Como cientista, ele se debruça sobre questões filosóficas — e 0️⃣ as responde com Ciência. Para mim, isso é fascinante.

Para completar, ele é um grande comunicador. Porque não basta desenvolver uma 0️⃣ ideia… Ele sabe explicá-la de uma forma quase poética. Ele usa uma linguagem que praticamente te arrepia. Muitas vezes, a 0️⃣ Ciência parece restrita aos fatos e fica de certa maneira congelada. O professor Dawkins mostra como a Ciência é capaz 0️⃣ de liberar a mente e ser romântica, poética, colorida... E isso é algo maravilhoso.

fax bet News Brasil - Voltando aos sentidos, 0️⃣ uma das coisas mais interessantes de seu livro é como a noção de que temos cinco sentidos está enraizada na 0️⃣ nossa cultura. Aprendemos isso ainda nos primeiros anos de escola. E esse é um conceito que, como você explica, foi 0️⃣ desenvolvido por Aristóteles há milênios…

Higgins - Sim, o conceito foi desenvolvido há mais de dois milênios, mais precisamente em fax bet 0️⃣ 350 a.C. E precisamos convir que é uma ideia muito interessante e fácil de compreender. Mas essa é uma boa 0️⃣ questão: o que faz a noção dos cinco sentidos ser tão atrativa? Eu acho que ela é tangível e simples, 0️⃣ quase óbvia.

Tenho filhos e lembro quando eles eram pequenos. No jardim de infância, elas tinham um brinquedo chamado Senhor Cabeça 0️⃣ de Batata, em fax bet que eles podiam colocar olhos, ouvidos, nariz… Mesmo para as crianças, entender os cinco sentidos é 0️⃣ algo que faz sentido. Ou seja, essa é uma noção tão longeva pelo fato de ser tão simples.

fax bet News Brasil 0️⃣ - O fato de as estruturas responsáveis por esses sentidos serem visíveis ajuda nisso? Nós relacionamos facilmente a língua com 0️⃣ o paladar, o nariz com o olfato, os olhos com a visão, os ouvidos com a audição e a pele 0️⃣ com o tato. Os outros sentidos que você cita no livro estão relacionados a nervos, músculos e glândulas que não 0️⃣ são tão fáceis de identificar, a menos que você seja um cientista…

Higgins - Faz sentido. Mas precisamos ter em fax bet 0️⃣ mente que a ideia dos cinco sentidos é um mito. Isso é um consenso entre especialistas e publicações acadêmicas. Os 0️⃣ cientistas concordam que os sentidos são muito mais diversos e vão muito além daqueles que estão relacionados aos órgãos que 0️⃣ vemos.

Capa do livro 'Sentient', de Jackie Higgins. —
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: Divulgação

fax bet News Brasil - Como você chegou à lista dos 12 0️⃣ sentidos que fazem parte do livro?

Higgins - Foi uma grande diversão, na verdade. Quando você está fazendo um documentário ou 0️⃣ um livro, acaba reunindo ideias diferentes e precisa organizar as informações de um jeito que seja possível contar uma história.

Não 0️⃣ existe um consenso sobre como definir o que é um sentido. Isso me deu certa flexibilidade em fax bet como construir 0️⃣ o livro. Quando eu estava no início do processo, li uma reportagem que foi publicada na revista New Scientist sobre 0️⃣ o assunto. No texto, havia uma tabela bem simples, que resumia uma lista de dez sentidos. Mas outros cientistas falam 0️⃣ em fax bet 33 sentidos.

Ou seja, tudo depende de como você define o que é um sentido. Você pode definir o 0️⃣ sentido de acordo com o sensor que existe no organismo. Por exemplo, na visão, você tem células nos olhos chamadas 0️⃣ cones e outras que são os bastonetes. Mas você também pode considerar que existem três tipos de cones, que permitem 0️⃣ a gente enxergar as cores.

Se você pensar no paladar, existem cinco diferentes sensores. No olfato, então, temos milhares dessas estruturas… 0️⃣ Ou seja, pode ser um tanto complicado fechar uma lista única, que reúna todos os sentidos.

O meu livro leva em 0️⃣ fax bet conta esse conceito e define os sentidos pelas experiências. O que fiz foi aprofundar e dividir o que Aristóteles 0️⃣ definia como um grupo de cinco sentidos. A visão foi quebrada em fax bet dois sentidos diferentes. Por um lado, você 0️⃣ tem os bastonetes e os cones responsáveis pelo enxergar. Mas há também células diferentes, que permitem ver as cores.

O tato 0️⃣ foi um sentido muito curioso de pesquisar, porque ele é diverso. Há a sensação de toque quando pegamos um objeto, 0️⃣ por exemplo. Mas esse simples ato também envolve entender se o objeto é rústico ou sensível, qual o tamanho dele, 0️⃣ a temperatura, o prazer ou a dor envolvidos… São muitos detalhes envolvidos com o tato, o que é algo muito 0️⃣ fascinante.

fax bet News Brasil - Durante a pesquisa, teve algum dos 12 sentidos que você achou mais curioso ou interessante?

Higgins - 0️⃣ Foram muitos, sem dúvida. Como disse anteriormente, eu fiquei muito surpresa com o tato. Entender esse sentido foi algo que 0️⃣ "explodiu minha cabeça". E esse também é um sentido que está na fronteira da Ciência moderna. Atualmente, cientistas tentam entender 0️⃣ como o tato está relacionado aos nossos sentimentos. Além disso, o livro foi produzido e editado durante a pandemia de 0️⃣ covid-19, quando toda a sociedade sentia falta de poder tocar coisas e outras pessoas.

Além dele, o sentido que eu achei 0️⃣ mais extraordinário e difícil de explicar foi a propriocepção. Como entender o conceito do nosso corpo em fax bet relação ao 0️⃣ mundo, como ele está diante de tudo ao redor? É algo difícil de entender porque é praticamente impossível imaginar nossa 0️⃣ vida sem essa habilidade.

fax bet News Brasil - Como foi descrever essa complexidade da propriocepção num livro voltado ao público geral?

Higgins 0️⃣ - No capítulo que falo sobre esse sentido, tive que me desfazer completamente dessa "anestesia do cotidiano" citada por Dawkins. 0️⃣ E me aprofundar na propriocepção foi algo que realmente abriu meus olhos. Na verdade, abriu meu corpo inteiro… Entender esse 0️⃣ e os outros sentidos foi um desafio não apenas intelectual, mas também emocional. Pude passar um tempo para compreender como 0️⃣ os sentidos funcionam e como eles definem quem eu sou.

Higgins foi aluna de Richard Dawkins, biólogo evolucionista famoso por ter 0️⃣ cunhado o termo 'meme' (entre diversas outras contribuições à Ciência moderna). —
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: GETTY IMAGES via fax bet

fax bet News Brasil - 0️⃣ Ao longo do livro, você cita uma série de espécies que usam os sentidos de formas diferentes a do ser 0️⃣ humano. Temos uma ideia de que determinados animais têm sentidos muito mais evoluídos que os nossos — sempre lembramos do 0️⃣ olfato incrível dos cachorros ou da capacidade de ver cores diferentes de um beija-flor. Mas seu livro dá uma ideia 0️⃣ de que os sentidos dos seres humanos são particularmente bem desenvolvidos e avançados. Você também teve essa impressão enquanto escrevia 0️⃣ o livro?

Higgins - Sim, concordo totalmente com essa impressão. Estudar diferentes espécies de animais permitiu que eu tivesse um distanciamento 0️⃣ para analisar os fatos. Isso acontece quando falo da capacidade de enxergar as cores de um determinado tipo de camarão, 0️⃣ por exemplo. A partir dessa comparação, é possível pensar sobre nós mesmos e como somos extraordinários enquanto seres humanos.

Temos essa 0️⃣ tendência de comparar, de pensar quem é melhor ou mais evoluído. Mas a verdade é que a evolução das espécies 0️⃣ permitiu encontrar soluções que são melhores para nós e para cada animal.

Para mim, a ideia de que existe uma ordem 0️⃣ de superioridade em fax bet relação aos sentidos não reflete a realidade. Eu não queria deixar essa impressão no livro. Nós, 0️⃣ seres humanos, não somos superiores. Para avaliar os sentidos e a capacidade de cada espécie, você precisa primeiro entender o 0️⃣ que está buscando. Nós somos brilhantes em fax bet determinadas situações, enquanto os cachorros se sobressaem em fax bet outras.

Nós temos espécies 0️⃣ que enxergam cores diferentes em fax bet relação ao que conseguimos captar. Isso é fascinante, porque podemos imaginar um mundo diferente 0️⃣ do nosso. No livro, quis passar essa noção de que vivemos num mundo cercado de diferentes sinais e estímulos. Mas 0️⃣ nós só conseguimos perceber aqueles que nossos órgãos sensoriais são capazes de captar e levar até nosso cérebro.

Por exemplo, há 0️⃣ uma informação elétrica na água que o ornitorrinco consegue sentir, mas a gente não. Isso é muito fascinante e reforça 0️⃣ como o mundo é extraordinário. Nós gostamos de ver documentários sobre animais pelo fato de eles serem diferentes de nós. 0️⃣ Eles não são melhores, nem piores. São diferentes. E essa diferença é fascinante.

fax bet News Brasil - E quando você conhece 0️⃣ essas diferentes capacidades dos animais, pode imaginar mundos aos quais nós enquanto seres humanos não temos acesso…

Higgins - Sem dúvida. 0️⃣ E isso não torna o nosso dia a dia ainda mais especial? A maneira como vemos, ouvimos, sentimos… Pode ser 0️⃣ que um animal que esteja exatamente do nosso lado tenha uma interpretação radicalmente diferente desse mesmo ambiente. Eu amo pensar 0️⃣ sobre isso.

fax bet News Brasil - O mundo moderno parece interferir constantemente nos nossos sentidos. Nós temos as luzes que iluminam 0️⃣ a noite. Os barulhos da cidade grande. Os aromas de restaurantes ou de esgotos. Como o estilo de vida atual 0️⃣ interfere na forma como lidamos com esse mundo exterior?

Higgins - O estilo de vida atual cria desafios aos nossos sentidos, 0️⃣ que não evoluíram para lidar com isso. Nosso corpo não se desenvolveu para ficar sentado num veículo durante horas numa 0️⃣ estrada de alta velocidade. Nosso sentido de equilíbrio, por exemplo, pode sofrer com isso.

Outro exemplo interessante é o sentido de 0️⃣ tempo. Nós temos
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rreceptores que detectam a luz. Basicamente, eles comandam a parte de nosso cérebro responsável pelo relógio biológico 0️⃣ e os ritmos do dia e da noite. E nosso corpo certamente não evoluiu para as viagens intercontinentais de avião, 0️⃣ em fax bet que saímos de um canto do planeta e, em fax bet questão de horas, estamos em fax bet outro lugar, 0️⃣ com um fuso horário completamente diferente. O jet lag é uma complicação disso, pois nosso organismo não evoluiu a ponto 0️⃣ de se adaptar tão rapidamente a um novo fuso.

Definitivamente, a vida moderna e a tecnologia desafiam os limites de nossos 0️⃣ sentidos.

Os sentidos são as formas como interagimos com o mundo exterior, aponta escritora. —
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fax bet News 0️⃣ Brasil - Na capa do livro, você questiona o que os animais revelam sobre os nossos sentidos. Mas, nafax bet0️⃣ opinião, o que os sentidos revelam sobre os seres humanos?

Higgins - Ao escrever este livro, eu fiquei muito mais conectada 0️⃣ aos meus sentidos. Agora, quando saio para uma caminhada, eu presto muito mais atenção nas cores, nas luzes, nos sons… 0️⃣ E também no que eles me fazem sentir.

A partir do livro, também pude perceber que existe muita diversidade entre nós 0️⃣ mesmos. A percepção sobre as cores, por exemplo. O rosa que você enxerga pode ser diferente do rosa que eu 0️⃣ vejo. E há aquelas pessoas que simplesmente não veem as cores. Aliás, no capítulo sobre as cores, fiquei fascinada com 0️⃣ a história de um homem que não vê cores, algo que o tornou um brilhante fotógrafo que trabalha em fax bet 0️⃣ preto e branco. Há também artistas cegos capazes de pintar paisagens complexas.

Me parece que, quando não temos ou perdemos um 0️⃣ sentido, o cérebro se torna mais especialista nos demais… O livro então me fez pensar na variedade de criaturas que 0️⃣ dividem esse planeta com a gente e nas diferentes maneiras de ver, ouvir, tocar e experimentar o planeta.

Para mim, o 0️⃣ livro não explica uma única maneira de ser humano. Ele mostra as diferentes maneiras de sermos humanos.

fax bet News Brasil - 0️⃣ O que a Ciência ainda precisa descobrir sobre os sentidos?

Higgins - Há muita pesquisa sendo feita sobre a nossa pele. 0️⃣ Para fazer uma comparação, a compreensão que temos sobre a pele é algo parecido ao que sabemos sobre as estrelas 0️⃣ ou o fundo do oceano. Entender como a pele e o tato estão relacionados com nossos sentimentos e como percebemos 0️⃣ o mundo ao redor é a última grande fronteira para entender nossos sentidos.

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