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Sintomas de ansiedade e depressão podem diminuir com a prática
"É surpreendente como é difícil não pensar em nada."
Este foi um 0️⃣ dos meus primeiros pensamentos ao me deitar na entrada de uma máquina que está fazendo a varredura do meu cérebro.
Fui 0️⃣ instruída a me concentrar em uma cruz preta, enquanto a barulhenta máquina de ressonância magnética funcional (fMRI, na sigla em 0️⃣ inglês) faz o seu trabalho.
Sinto que também parece impossível manter os olhos abertos. O ruído do aparelho é meio que 0️⃣ hipnótico e me preocupo um pouco se adormecer irá afetar a aparência do meu cérebro nas imagens sendo geradas pela 0️⃣ máquina.
Como jornalista especializada em ciências, sempre fui fascinada pelo funcionamento da mente. Por isso, acabei dentro de uma máquina de 0️⃣ ressonância magnética na Universidade de Londres Royal Holloway, para examinar meu cérebro antes de começar um curso de alteração cerebral 0️⃣ de seis semanas.
Fim do Matérias recomendadas
A intenção era investigar se existe uma forma de influenciar a formação de alterações significativas 0️⃣ no nosso próprio cérebro. Alterando alguns aspectos do meu dia a dia, eu esperava descobrir se é possível fortalecer conexões 0️⃣ fundamentais no cérebro e, paralelamente, tornar a mente mais saudável.
Durante o processo, aprendi técnicas que todos nós podemos usar – 0️⃣ com resultados poderosos.
Podcast traz áudios com reportagens selecionadas.
Episódios
Fim do Podcast
O nosso cérebro tem enorme capacidade de adaptação, aprendizagem e crescimento. 0️⃣ Sua natureza é plástica, ou seja, ele muda com o passar do tempo.
Esta característica é chamada de neuroplasticidade, que significa 0️⃣ simplesmente a capacidade do cérebro de adaptar-se e evoluir ao longo do tempo, em termos de estrutura e funcionamento.
No passado, 0️⃣ acreditava-se que esta capacidade só existisse na juventude, mas agora sabemos que ela é uma força constante que ajuda a 0️⃣ formar quem nós somos. E, toda vez que aprendemos algo novo, nosso cérebro se adapta.
Neurocientistas e psicólogos estão agora descobrindo 0️⃣ que temos o poder de controlar parcialmente este processo. E existem boas razões para querermos estimular o nosso cérebro – 0️⃣ afinal, cada vez mais estudos indicam que é possível retardar ou evitar doenças cerebrais degenerativas desta forma.
Com a ajuda do 0️⃣ professor de psicologia clínica Thorsten Barnhofer, da Universidade de Surrey, no Reino Unido, é exatamente isso que vou fazer. Atualmente, 0️⃣ ele realiza um estudo sobre os efeitos da prática de mindfulness (atenção plena) sobre a gestão do estresse e de 0️⃣ emoções complexas, com foco especial sobre indivíduos com depressão profunda.
Fiquei surpresa ao saber que algo simples como mindfulness pode desempenhar 0️⃣ papel tão importante para manter nossas mentes saudáveis.
Pesquisas demonstraram que a prática de mindfulness é uma forma simples, mas poderosa, 0️⃣ de melhorar diversas funções cognitivas. Ela pode aumentar a atenção, reduzir dores e combater o estresse.
As pesquisas também demonstraram que, 0️⃣ com apenas alguns meses de treinamento mindfulness, certos sintomas de ansiedade e depressão podem diminuir – embora estes resultados naturalmente 0️⃣ possam variar, dependendo das circunstâncias de cada indivíduo, como ocorre com qualquer problema complexo de saúde mental.
Mas os benefícios não 0️⃣ param por aí. A prática de mindfulness pode alterar o cérebro. Isso porque, quando o hormônio do estresse – o 0️⃣ cortisol – aumenta e seus níveis permanecem altos, "ele pode se tornar tóxico para o cérebro", segundo Barnhofer.
O estresse também 0️⃣ pode inibir diretamente a neuroplasticidade. Por isso, seu controle permite manter a plasticidade cerebral.
Mas a grande questão é a seguinte: 0️⃣ será que tudo isso irá funcionar no meu cérebro? E, por seis semanas, Barnhofer adaptou um curso de pesquisa de 0️⃣ mindfulness para tentar descobrir.
O professor de psicologia clínica Thorsten Barnhofer explica como as técnicas de mindfulness podem modelar o cérebro
Todos 0️⃣ os dias, por 30 minutos – seja em uma única sessão ou em duas sessões de 15 minutos –, pratiquei 0️⃣ meditação mindfulness orientada, ouvindo uma gravação. Tive também uma sessão semanal de meditação com Barnhofer, pela plataforma Zoom.
O curso completo 0️⃣ de mindfulness está disponível online, gratuitamente (em inglês).
Fui instruída a manter o máximo de consciência possível no momento presente e 0️⃣ prestar atenção àquilo que, normalmente, costumo ignorar, como para onde vão meus pensamentos e o que ocupa minha mente em 0️⃣ diferentes momentos.
Ele também me incentivou a ficar mais consciente no dia a dia – quando cozinhar ou correr, por exemplo, 0️⃣ concentrar-me realmente no momento presente, trazendo minha mente de volta para o que estava fazendo e observando com que frequência 0️⃣ ela costuma vaguear.
O que é fascinante sobre esta área de pesquisa é que a prática de mindfulness, que parece ser 0️⃣ um processo muito simples, pode ter efeitos mensuráveis.
"Mindfulness pode amortecer o estresse", explica Barnhofer. "Você fica ciente dos desafios e 0️⃣ das reações mais ruminantes, uma tendência à preocupação."
Talvez eu não seja uma candidata ideal – meus níveis de estresse, medidos 0️⃣ antes e depois do processo, geralmente são baixos – mas, mesmo assim, percebi que houve benefícios.
Assim que iniciei a sessão, 0️⃣ achei que fosse fácil por um ou dois minutos. Eu me concentrava na minha respiração ou em partes do corpo, 0️⃣ conforme as instruções que recebi. Mas, em algum momento de silêncio, observei minha mente sair em viagens pelo tempo.
Eu pensava 0️⃣ em uma conversa que tive com uma amiga semanas antes, depois voava em questão de segundos para uma consulta ao 0️⃣ dentista que precisava agendar, depois para um prazo que se aproximava no trabalho... e assim por diante.
Em rápida sucessão, eu 0️⃣ conseguia observar a velocidade com que minha mente pulava de um pensamento para outro. E basta acelerar este processo para 0️⃣ que ele fique extremamente cansativo.
"As divagações da mente são algo que, naturalmente, pode ajudar de muitas formas", explica Barnhofer. "Pode 0️⃣ nos ajudar com a criatividade, mas pode também trazer maus resultados. E é aqui que entra o pensamento repetitivo, onde 0️⃣ entra o pensamento ruminante, onde entram as preocupações. E estes são os fatores que aumentam o estresse depois que ele 0️⃣ se instala."
Quando comecei a observar este ponto, ficou mais claro como esta brilhante capacidade que todos nós tempos de pensar 0️⃣ adiante, planejar e nos preocupar pode ser prejudicial se for tomada em excesso. Em outras palavras, revelar o funcionamento da 0️⃣ nossa mente é uma primeira etapa, fundamental para nos livrarmos de parte dessa agitação.
Crédito, bbc
Aprender algo novo – neste caso, 0️⃣ a tocar pandeiro – é divertido e ajuda a manter o crescimento do cérebro
Durante as seis semanas do curso de 0️⃣ mindfulness, tratei também de entrevistar outros neurocientistas para meu documentário Brain Hacks (algo como "Gambiarras do cérebro", em português). Assim, 0️⃣ poderia ver se havia outras "gambiarras" que eu poderia começar a praticar.Evidências demonstram, por exemplo, que a meditação e o 0️⃣ exercício aumentam a plasticidade cerebral.
Não aumentei meus níveis normais de exercício, mas me esforcei em correr mais rápido – regularmente, 0️⃣ 5 km no parque montanhoso vizinho em cerca de 21 minutos. E saber que isso poderia também me ajudar a 0️⃣ estimular o cérebro manteve minha motivação.
"A atividade física facilita o processo de plasticidade", afirma Ori Ossmy, professor de desenvolvimento cognitivo 0️⃣ e do cérebro da Universidade de Londres Birkbeck. "Se você combinar [a atividade física] com tarefas cognitivas para melhorar as 0️⃣ técnicas do seu interesse, provavelmente conseguirá aprimorar seu desempenho."
Tudo isso faz sentido se considerarmos a relação próxima entre a saúde 0️⃣ do corpo e do cérebro, segundo Gillian Forrester, professora de cognição comparativa da Universidade de Sussex, no Reino Unido. Para 0️⃣ ela, "nossa saúde física e a saúde mental são totalmente entrelaçadas para criar a qualidade de vida".
E a saúde física 0️⃣ também está relacionada à saúde cognitiva. Cientistas como Forrester estão aprendendo a observar a ligação entre o corpo e o 0️⃣ cérebro em ação estudando os bebês.
No recém-formado laboratório Baby Lab, na Universidade Birkbeck, Forrester mostra seu mais recente projeto, chamado 0️⃣ Baby Grow. O estudo irá monitorar o desenvolvimento dos bebês nos seus primeiros 18 meses de vida, para identificar sinais 0️⃣ de distúrbios cognitivos antes que eles se tornem evidentes.
Mas por que é importante estudá-los tão cedo? Bem, a resposta também 0️⃣ tem relação com a neuroplasticidade.
O cérebro da criança é excepcionalmente plástico nos seus primeiros anos de desenvolvimento. Novas conexões e 0️⃣ redes neurológicas são criadas em velocidade frenética, à medida que as crianças crescem e aprendem sobre o ambiente àgreenbets.io quantos saques por dia0️⃣ volta.
Isso significa que, potencialmente, é muito mais fácil intervir, em caso de necessidade, durante esta fase altamente plástica. E este 0️⃣ é um dos motivos que levaram Forrester a acreditar que é muito importante aprender mais sobre os processos do dia 0️⃣ a dia que ajudam a modelar o cérebro.
A mesma ideia também surge quando os pacientes estão se recuperando de lesões 0️⃣ cerebrais sérias. Para saber mais, entrevistei Angelo Quartarone, diretor científico do Centro Neurolesi Bonino Pulejo, um centro de tratamento de 0️⃣ lesões cerebrais na Sicília (Itália). Quartarone observa a plasticidade cerebral em ação todos os dias.
"Mesmo nas piores condições, o cérebro 0️⃣ ajuda a se reparar de alguma forma... com a neurorreabilitação, podemos acelerar a recuperação", ele conta.
Sua equipe emprega diversos métodos 0️⃣ de reabilitação assistida, incluindo robótica, realidade virtual e aplicação de correntes elétricas no cérebro.
"Uma corrente elétrica minúscula pode interagir com 0️⃣ os mesmos mecanismos empregados pelas técnicas de neurorreabilitação", explica ele. "Com isso, você consegue um duplo incentivo."
Fiquei surpresa ao observar 0️⃣ que um dos seus pacientes, que havia perdido a força dos membros do lado direito, conseguiu formar novas conexões neurais 0️⃣ com jogos de simulação em computador. Eles o ajudaram a ganhar novamente capacidades motoras que estavam perdidas.
Este tipo de aperfeiçoamento 0️⃣ cerebral pode ensinar algo para todos nós.
É evidente que praticar novas habilidades e nos expormos regularmente a novas situações ajuda 0️⃣ o cérebro a continuar crescendo e adaptando-se. Foi assim que acabei pedindo tomate seco em italiano no restaurante e tive 0️⃣ uma aula rápida sobre como tocar um pandeiro tradicional siciliano, antes de me sentar na base do monte Etna para 0️⃣ meditar.
É claro que preciso destacar uma enorme ressalva. Sou uma amostra de uma pessoa – e grande parte do que 0️⃣ aconteceu foi ilustrativo, não científico.
Ao final das seis semanas, fiquei extremamente curiosa para saber se todo este trabalho teve algum 0️⃣ efeito sobre o meu cérebro.
Depois de outra ressonância do cérebro e de alguma hesitação para saber o que poderia ter 0️⃣ acontecido na minha cabeça durante as semanas de intervenção, visitei Barnhofer na Universidade de Surrey para descobrir. Ele ficou até 0️⃣ altas horas da noite analisando e comparando as duas imagens do meu cérebro.
Ele encontrou resultados: a estrutura do meu cérebro, 0️⃣ de fato, havia se alterado. E algumas mudanças mensuráveis podiam ser observadas.
O volume de metade da minha amígdala – uma 0️⃣ estrutura em forma de amêndoa, importante para o processamento das emoções – foi reduzido no lado direito. A alteração foi 0️⃣ pequena, mas mensurável.
O impressionante é que esta alteração está de acordo com a literatura científica, que demonstra que as técnicas 0️⃣ de mindfulness amortecem o estresse observado nas amígdalas, podendo reduzir o seu tamanho.
Quando o nosso estresse aumenta, as amígdalas crescem. 0️⃣ Eu não me sentia particularmente estressada, mas, mesmo assim, foi fascinante observar esta alteração.
A outra mudança ocorreu no meu córtex 0️⃣ cingulado, que é a parte do sistema límbico envolvida nas nossas reações emocionais e comportamentais. Ele também é importante para 0️⃣ a rede de modo padrão, uma região que fica ativa quando a mente começa a vaguear e ruminar.
No meu cérebro, 0️⃣ o córtex cingulado aumentou levemente de tamanho ao longo das seis semanas, o que indica aumento do controle daquela área.
Esta 0️⃣ alteração também coincide com estudos publicados na literatura científica. E vem de encontro às minhas observações durante as sessões. Com 0️⃣ o passar do tempo, percebi que conseguia manter minha mente mais descansada – eu conseguia afastar melhor os pensamentos agitados.
Foi 0️⃣ surpreendente observar estes resultados no meu cérebro em uma tela grande, bem à minha frente. Apenas com as técnicas mindfulness, 0️⃣ consegui aumentar uma parte do cérebro que evita que minha mente vagueie demais.
Cabe aqui uma advertência: é importante reconhecer que 0️⃣ qualquer alteração cerebral observada pode ter sido aleatória. Afinal, o cérebro está em constante mutação.
Mas os estudos indicam que a 0️⃣ experiência como um todo valeu a pena. É um processo do qual muitas pessoas podem facilmente se beneficiar.
É claro que, 0️⃣ para que as alterações sejam duradouras, preciso continuar me forçando a fazer algumas daquelas "gambiarras".
Se vou continuar a meditar todos 0️⃣ os dias? Eu realmente adoraria dizer: "claro que sim". Mas isso, se a vida permitir...
*Com colaboração de Tom Heyden e 0️⃣ Pierangelo Pirak.
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site greenbets.io quantos saques por dia Future.
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